01) Considerando a poesia de Gregório de Matos e o
momento literário em que sua obra se insere, avalie as seguintes afirmativas:
1. Apresentando
a luta do homem no embate entre a carne e o espírito, a terra e o céu, o
presente e a eternidade, os poemas religiosos do autor correspondem à
sensibilidade da época e encontram paralelo na obra de um seu contemporâneo,
Padre Antônio Vieira.
2. Os poemas
erótico-irônicos são um exemplo da versatilidade do poeta, mas não são
representativos da melhor poesia do autor, por não apresentarem a mesma
sofisticação e riqueza de recursos poéticos que os poemas líricos ou religiosos
apresentam.
3. Como bom
exemplo da poesia barroca, a poesia do autor incrementa e exagera alguns
recursos poéticos, deixando sua linguagem mais rebuscada e enredada pelo uso de
figuras de linguagem raras e de resultados tortuosos.
4. A
presença do elemento mulato nessa poesia resgata para a literatura uma dimensão
social problemática da sociedade baiana da época: num país de escravos, o
mestiço é um ser em conflito, vítima e algoz em uma sociedade violentamente
desigual.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são
verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são
verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são
verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 4 são
verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Gab: C
02)
Buscando
a Cristo
1A
vós correndo vou, braços sagrados,
2Nessa
cruz sacrossanta descobertos,
3Que,
para receber-me, estais abertos,
4E,
por não castigar-me, estais cravados.
5A
vós, divinos olhos, eclipsados
6De
tanto sangue e lágrimas abertos
7Pois,
para perdoar-me, estais despertos,
8E,
por não condenar-me, estais fechados.
9A
vós, pregados pés, por não deixar-me,
10A
vós, sangue vertido, para ungir-me,
11A
vós, cabeça baixa p’ ra chamar-me.
12A
vós, lado patente, quero unir-me,
13A
vós, cravos preciosos, quero atar-me,
14Para
ficar unido, atado e firme.
GUERRA,
Gregório de Matos. Poemas Escolhidos. São Paulo: Editora Cultrix, 1989.
Considerando a escola literária Barroco, analise as afirmativas a seguir:
I. O soneto apresenta metonímias que vão
relacionando as partes de Cristo ("braços", "olhos",
"pés", "sangue", "cabeça"), substituindo, aos
poucos, o todo: Cristo crucificado. Com esse recurso, percebe-se que cada uma
das partes do corpo revela uma atitude acolhedora, de bondade e de comiseração,
o que assegura ao eu lírico fé e confiança.
II. Nesse poema, é perceptível o trabalho com
figuras de linguagem representando o aspecto conceptista do Barroco. É um jogo
de palavras que se desenvolve também com outros recursos, como as anáforas em
“Vós” (v. 5, 9, 10, 11, 12 e 13), o que parece registrar o desejo do eu lírico
de se encontrar com Cristo.
III. No soneto, nota-se uma das características
típicas da estética barroca, o uso de situações ambivalentes, que permitem a
dupla interpretação, como se vê nessa passagem – “braços abertos e cravados”
(presos); os braços estão abertos para receber o fiel e, ao mesmo tempo,
fechados para não castigá-lo pelos pecados cometidos.
IV. O texto expõe, de maneira exemplar, ao longo
dos versos decassílabos, em linguagem rebuscada, o tema do fusionismo na
personificação do fiel, que reconhece os sinais do acolhimento de Cristo e, por
isso, esse fiel manifesta o seu desejo de “ficar unido, atado e firme”,
reforçando ainda a constatação da fragilidade humana.
V. Por suas idiossincrasias quanto à visão dos
pares antagônicos – pecado/perdão – o poeta utiliza, no final do poema, alguns
versos livres e brancos, com os quais obtém um efeito mais leve, de caráter
religioso, também cultivado pelo conceptista Padre Vieira.
Está CORRETO o
que se afirma em
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.
Gab: B
03) Leia
com atenção os textos 1, 2 e 3, de Gregório de Matos Guerra.
TEXTO 1
“Pequei, Senhor,
mas não por que hei pecado,
Da vossa alta
clemência me despido;
Porque quanto
mais tenho delinqüido
Vos tem a
perdoar mais empenhado”....
TEXTO 2
“Qual homem pode
haver tão paciente
Que, vendo o
triste estado da Bahia,
Não chore, não
suspire e não lamente?”...
TEXTO 3
“Discreta e
formosíssima Maria,
Enquanto estamos
vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a
rosada Aurora,
Em teus olhos e
boca, o sol e o dia.”....
Analise
as afirmações que são feitas a respeito dos textos 1, 2 e 3, acima citados.
I. O texto 1 retrata o lirismo amoroso do autor.
II. Os textos 2 e 3 retratam, respectivamente, a poesia satírica e a
poesia amorosa do autor.
III. Os textos 1 e 3 retratam, respectivamente, a poesia amorosa e a
poesia religiosa do autor.
Quais
estão corretas?
a) Somente I.
b) Somente II.
d) Somente III.
d) Somente I e III.
e) I, II e III.
Gab: B
04) Os Sermões do Padre Antonio Vieira, enquanto
gênero sacro, se caracterizam por usar a palavra de maneira perspicaz e por dar
a cada palavra a tensão necessária. Para o crítico português Antônio José
Saraiva, “não há nele palavras átonas, indiferentes, languescentes. Cada uma
parece ocupar o lugar que lhe é próprio, como um estado de alerta”. Ante o
exposto, qual é, dentro das opções elencadas abaixo, o processo retórico que não caracteriza e, por sua vez, não compõe a estrutura da
extensa e erudita obra de Vieira?
a) Cultor da oratória conceptista, os Sermões partem sempre de
um fato real ou de algo observado.
b) Construindo uma analogia entre o seu momento presente e a
“verdade” do texto bíblico, Vieira seduz, por meio da palavra precisa, o
ouvinte/leitor a refletir e a reagir sobre os temas da sua pregação.
c) Seus Sermões, apesar da riqueza imagética, se caracterizam
por um vocabulário pouco seleto e uma sintaxe previsível e pobre.
d) Orientado por objetivos morais, políticos ou religiosos, Vieira
busca sempre atingir seu alvo com invulgar eloqüência e força de persuasão.
e) Os Sermões de Vieira seguem, em quase totalidade, a
estrutura da retórica clássica tripartite: intróito (ou exórdio),
desenvolvimento (ou argumento) e peroração.
Gab: C
05) Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.
Adaptado de: Carlos Drummond de Andrade. A
palavra mágica. Rio de Janeiro: Recorde, 1998.
Em relação ao texto e o termo ali destacado, assinale o que for correto.
01. Coisamente,
assim como a palavra a partir da qual se origina é um substantivo.
02. Pode-se
considerar aceitável para o contexto que ser coisa é menos particular
que ser homem.
04. O uso do
sufixo –mente junto à coisa forma um advérbio, embora esse
processo seja típico com adjetivos e não com substantivos como coisa.
08. Após
derivar de um substantivo, coisamente figura em uma nova classe
gramatical.
Gab: 14
06) Leia
o anúncio.

(Veja, 24.06.2009.)
a)
Explique
que relação de sentido há entre os termos aperfeiçoamento e perfeição
na construção da mensagem publicitária.
A palavra “perfeição” significa,
de acordo com o Aurélio, “o máximo de excelência a que uma coisa pode
chegar”, “a ausência de quaisquer defeitos”. O termo “aperfeiçoamento” se
refere ao ato de tornar perfeito. A relação de sentido, portanto, é de
redundância. Nessa perspectiva, em sentido literal, o que já é perfeito não
poderia ser aperfeiçoado. Na construção da mensagem publicitária, contudo,
explora-se expressivamente a quebra da lógica, para sugerir que a montadora do
Tucson 2010 consegue até mesmo o milagre em termos de perfeição.
b) A palavra aperfeiçoamento deriva do verbo aperfeiçoar,
que, por sua vez, deriva de perfeição. Indique o processo de formação
usado em cada caso.
A palavra “perfeição” funciona como base
para a formação do verbo “aperfeiçoar”, por derivação parassintética (agregação
simultânea do prefixo e do sufixo). “Aperfeiçoar”, por sua vez, serve de base
para formar o substantivo “aperfeiçoamento”, por derivação sufixal.
07)

"Monstroristas",
"mautoristas", "frustrados que compraram carro para respirar
fumaça", "covardes". É assim que ciclistas engajados na defesa
do uso de bicicleta como meio de transporte urbano chamam motoristas de carros,
ônibus e afins.
O atropelamento de ciclistas em Porto Alegre na
semana passada acirrou os ânimos desse grupo, que reagiu com
"bicicletadas" de protesto.
O paulistano Renato Zerbinato, 34, se
envolveu com o cicloativismo há dois anos, após se mudar para Brasília, cidade
que define como "extremamente hostil" aos ciclistas devido às vias
rápidas.
Ele vê uma "guerra velada" entre
ciclistas e motoristas, que, reclama, não costumam respeitar a distância de 1,5 m do ciclista e o direito
de bicicletas e carros dividirem a pista, previstos no Código Brasileiro de
Trânsito.
(Folha
de São Paulo, 09/03/2011.)
Considere as afirmações:
I. Por associação a outras palavras que também
empregam o sufixo “-ada”, um leitor incauto poderia imaginar que “bicicletada”
significa “usar a bicicleta como arma para golpear alguém”.
II. Se optasse pelo mesmo processo de formação
de “monstroristas” e “mautoristas” para relatar um atropelamento provocado por
um condutor embriagado, o jornalista poderia usar o neologismo
"alcooltecimento".
III. O substantivo “cicloativismo”, no contexto em
que ocorre, sugere ideia de “intervalo”, “período”, indicando que movimentos
engajados, como o mencionado na notícia, são esporádicos.
Está(ão) correta(s):
a) I, II e III.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Apenas II.
Gab: B
TEXTO:
1 - Comum à questão: 8
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores
noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que
não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três...
trinta e três...
- Respire.
...........................................................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão
esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o
pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um
tango argentino.
(Manuel
Bandeira, Libertinagem)
08) "Pneumotórax",
palavra que dá título ao famoso poema de Manuel Bandeira, é vocábulo
constituído de dois radicais gregos (pneum[o]- + -tórax]. Significa o
procedimento médico que consiste na introdução de ar na cavidade pleural, como
forma de tratamento de moléstias pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal
enfermidade é referida no diálogo entre médico e paciente, quando o primeiro
explica a seu cliente que ele tem "uma escavação no pulmão esquerdo e o
pulmão direito infiltrado". Esta última palavra é formada com base em um
radical: "filtro". Quanto à formação vocabular, o título do poema e o
vocábulo "infiltrado" são constituídos, respectivamente, por
a) composição, e derivação prefixal e sufixal.
b) derivação prefixal e sufixal, e composição.
c) composição por hibridismo, e composição prefixal e sufixal.
d) simples flexão, e derivação prefixal e sufixal.
e) simples derivação, e composição sufixal e prefixal.
Gab: A
TEXTO: 2 - Comum às
questões: 9, 10
1 Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
Estás,
e estou do nosso antigo estado!
Pobre
te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica
te vejo eu já, tu a mi abundante.
5 A ti trocou-te a máquina mercante,
Que
em tua larga barra tem entrado,
A
mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto
negócio, e tanto negociante.
Deste
em dar tanto açúcar excelente
10 Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples
aceitas do sagaz Brichote.
Oh
se quisera Deus, que de repente
Um
dia amanheceras tão sisuda
Que
fora de algodão o teu capote!
(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo:
FTD, 1998. p. 141.)
09) A partir da leitura do texto, considere as afirmativas a seguir.
I. O poema faz parte da
produção de Gregório de Matos caracterizada pelo cunho satírico, visto que
ridiculariza vícios e imperfeições e assume um tom de censura.
II. As figuras do
desconsolado poeta, da triste Bahia e do sagaz Brichote são imagens poéticas
utilizadas para expressar a existência de um triângulo amoroso.
III. O poema apresenta a
degradação da Bahia e do eu-lírico, em virtude do sistema de trocas imposto à
Colônia, o qual privilegiava os comerciantes estrangeiros.
IV. Os versos “Que em tua
larga barra tem entrado” e “Deste em dar tanto açúcar excelente” conferem ao
poema um tom erótico, pois, simbolicamente, sugerem a ideia de solicitação ao
prazer.
Assinale
a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas
I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas
III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas
I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas
II, III e IV são corretas.
Gab: B
10) No que diz respeito à relação entre o eu-lírico e a Bahia,
considere as afirmativas a seguir.
I. Na primeira estrofe, o
eu-lírico identifica-se com a Bahia, pois ambos sofrem a perda de um antigo
estado.
II. Na primeira estrofe, a
Bahia aparece personificada, fato confirmado no momento em que ela e o
eu-lírico se olham.
III. Na terceira estrofe,
constata-se que a Bahia não está isenta da culpa pela perda de seu antigo
estado.
IV. Na quarta estrofe, o
eu-lírico conclui que a lamentável situação da Bahia está em conformidade com a
vontade divina.
Assinale
a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas
I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas
II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são
corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são
corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são
corretas.
Gab: D
11) O carpe diem é um dos temas
recorrentes na poesia do Arcadismo que também pode aparecer na poesia de outros
estilos de época. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela(s) que apresenta(m) exemplo(s)
desse tema:
01. Tristes lembranças! e que em vão componho
A memória da vossa sombra escura!
Que néscio em vós a ponderar me
ponho!
(COSTA, Cláudio Manuel da. Poemas escolhidos. Rio de Janeiro:
Ediouro, 1997. p. 49.)
02. Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que
faça
O estrago de roubar ao corpo as
forças,
E ao semblante a graça!
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Martin
Claret. 2009. p. 48.)
04. Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é
verdura.
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix,
1976. p. 320.)
08. Amanhã! — o que val’, se hoje existes!
Folga e ri de prazer e de amor;
Hoje o dia nos cabe e nos toca,
De amanhã Deus somente é Senhor!
(DIAS, Gonçalves. Poesia e prosa completas. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 444.)
Gab: 14
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